O Adeus ao radialista Juca Andrade, o mais puro dos amigos

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Por Athylla Borborema

Uma fatalidade deixou a região do extremo sul da Bahia cheia de emoção e tristeza, especialmente a mesorregião da tríplice fronteira da Bahia, Espirito Santo e Minas Gerais que foi surpreendida no final da manhã deste domingo (03/07), com a morte do radialista José Francisco Costa de Oliveira, o “Juca Andrade” que morreu no dia anterior ao seu aniversário de 57 anos. Juca Andrade foi encontrado morto pelo seu próprio filho “Diego” numa área alagadiça às margens do rio Mucuri, numa região entre o povoado de Belo Cruzeiro e a Fábrica da Suzano, no município de Mucuri.

Juca Andrade, apesar de ter sido um homem de vasta experiência com a comunicação social e de relações influentes, ter conhecido o mundo e de inteligência aguçada, era um apaixonado pela vida rural. Atualmente ele preparava uma área para um projeto inovador que envolvia um plantio de cacau, cuja área havia conquistado junto à Suzano por meio de uma Associação que dirigia -, no local, ele estava limpando o espaço, suprimindo árvores e ervas daninhas como forma de preservar apenas a floresta, tendo em vista que o cacau é um cultivo que só funciona sob sombra.

Teria sido um pé de dendê que havia caído sobre sua cabeça e lhe causado a fatalidade, possivelmente com o motor-serra ligado, não teria ouvido qualquer barulho da árvore caindo sobre ele. Juca Andrade estava usando uma técnica, chamada efeito “dominó”, onde promovia cortes nos troncos dos pés de dendê, de forma que eles ficassem em pé e, por fim, quando o trabalho estivesse concluído, se empurrava um tronco e, este derrubava o vizinho e se instalava um efeito “Dominó” – talvez tenha sido, por um descuido, que uma dessas árvores, não resistiu o corte no pé e desabou sobre ele antes de ser empurrada, lhe causando a morte. Juca Andrade estava sozinho no local e o seu corpo só foi descoberto, com a chegada do filho.

Causa Morte

O corpo de Juca Andrade foi encaminhado para o IML – Instituto Médico Legal Nina Rodrigues de Itamaraju, onde foi examinado, concidentemente, por um dos peritos revisores mais experientes e respeitados do Estado, o perito médico-legal Welson Nascimento. Segundo o médico legista Welson Nascimento, a causa morte do radialista foi “Anemia Aguda” em razão de uma violenta pancada que lhe quebrou vários ossos da costela e da caixa torácica, lhe causando ainda inúmeras lesões internas em vários órgãos do corpo, que lhe perfuraram inclusive, em diversos pontos, o pulmão e o coração.

Ou seja, se baseando na explicação do perito médico-legal em resposta a indagação da reportagem do TN, o pé de dendê que além de ter, geralmente um tronco monstruoso, ele é cheio de galhas espinhosas que ao cair sobre o radialista, deve ter lhe matado de forma instantânea, em razão dos inúmeros danos causados no corpo de Juca Andrade (esmagamento interno), como também confirmou o médico legista Welson Nascimento, que pelo resultado morte, o óbito foi instantâneo. O serviço médico legal do IML de Itamaraju concluiu a necropsia no corpo de Juca Andrade, exatamente às 14h desta segunda-feira (04), quando foi liberado a família para translado em Mucuri.

Quem foi Juca Andrade

O radialista e assistente social José Francisco Costa de Oliveira, o “Juca Andrade”, que faria 57 anos de idade, exatamente hoje (04/07), era natural de Poté (MG), mas estava radicado em Mucuri desde o início de 1994, onde trabalhou na extinta Rádio Costa Dourada FM e em janeiro do ano 2000, quando a emissora se transformou em Rádio Abrolhos 104,5 FM, Juca Andrade se manteve na equipe, onde permaneceu até 2016. A última emissora de rádio que trabalhou foi a Rádio Três Corações 97,5 FM de Itabatã. Juca Andrade era radialista profissional com formação em Rádio/TV pelo extinto CEFET – Centro Federal de Educação e Tecnológica do Estado da Bahia e era bacharel em Assistência Social pela FTC – Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais da Bahia (hoje UNIFTC).

O radialista Juca Andrade era um apaixonado por política partidária, por história, por línguas estrangeiras, por políticas sociais, era um militante na defesa dos direitos humanos e pelas causas da pela terra, aliás, era arriado os quatro pneus pela luta da zona rural. Um homem extremamente inteligente, filho de ferroviário e amante das histórias do cangaço. Em Mucuri ele se envolveu com inúmeros projetos sociais, foi presidente do Conselho Municipal de Saúde de Mucuri e reconduzido ao cargo por aclamação por pelo menos outras três vezes, também fez parte do Conselho Municipal de Agricultura e do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Juca Andrade era um homem simples, desprovido de vaidade e de bens materiais, mas conversar com ele, era sempre um aprendizado, a sua inteligência histórica, literária, sociológica e política era de se impressionar, conheceu bem os países da Europa e além do seu refino cultural, era um amigo extremamente leal e estava sempre pronto para qualquer missão.

Juca Andrade fundou e administrou o primeiro e único Centro de Recuperação para Dependentes Químicos do Município de Mucuri, denominado “Projeto Libertar”, que graças a sua coragem e determinação, manteve o espaço funcionando apenas com a ajuda de colaboradores voluntários, das igrejas e dos Centros Espíritas de Mucuri e Itabatã. Fundou e dirigiu até a presente data APICOM – Associação de Apicultores do Município de Mucuri; integrou em 2010 a equipe que implantou a Fundação Mamãe África de Caravelas, a mais importante entidade do interior de Bahia com políticas voltadas para a cultura, educação e para o meio ambiente em favor das comunidades quilombolas do Estado, regida pelo Ministério Público do Estado da Bahia e chancelada pela Universidade de Brasília. Juca Andrade era casado há 33 anos com Márcia Andrade, sua companheira de toda uma vida. Juca Andrade foi pai de 5 filhos, Pablo (im memória) Diego, Diogo, Daniel e Paolla, além de ter deixado 4 netos.

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