Lama “engole” praias de Nova Viçosa e população fará manifesto contra desastre ambiental dia 5

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A população e os organismos constituídos do município de Nova Viçosa estão programando um manifesto público para a segunda-feira do próximo dia 5 de novembro para debater uma solução para o problema da lama que está “engolindo” as praias da cidade e está prejudicando claramente a economia do município porque as pessoas estão esvaziando as praias e as reservas nos hotéis sofreram uma queda vertiginosa, o exemplo foi o último feriadão.

Na última sessão ordinária da Câmara Municipal de Nova Viçosa, o presidente José Anastácio Carvalho Machado (DEM), demonstrou preocupação com o problema e disse que desde 2015, quando aconteceu uma audiência pública convocada pelo Ministério Público Estadual para debater o problema da lama na praia da cidade com a participação de inúmeros organismos ambientais, da população e da Fibria, que a situação já era preocupante.

Mas a empresa Fibria Celulose que é a causadora do problema por meio dos seus navios barcaças que vem dragando os manguezais com a passagem das suas embarcações, teria garantido que iria solucionar o desastre ambiental, mas conforme o presidente Anastácio Carvalho, a Fibria deu as costas como resposta e vive fingindo que não enxerga o grave flagelo ambiental acontecendo. Além disso, os pescadores têm encontrado dificuldades em pescar o camarão e o peixe que desapareceram, causando grandes prejuízos ao setor pesqueiro.

Para o prefeito de Nova Viçosa, Manoel Costa Almeida, o “Manoelzinho” (DEM), a situação é preocupante e pode comprometer o próximo verão da cidade. Ele explica que a dragagem compreende um trecho com mais de um quilômetro de extensão próximo ao Canal do Tomba (uma passagem natural que existe no mangue entre o rio Caravelas e o oceano atlântico). Os Navios Barcaças navegam pela costa dos manguezais por 4,6 quilômetros, só depois ganham o mar 100% aberto.

A calha com cinco metros de profundidade, gera cerca de 45 mil metros cúbicos de sedimentos “lama” por dragagem. São essas operações de manutenção da calha que estaria promovendo um grande desequilíbrio ambiental nos manguezais e poluindo as praias de Nova Viçosa, a dragagem levanta uma “nuvem de poeira” subaquática que estaria também prejudicando todo o interligado ecossistema do litoral da região.

As duas cidades, Caravelas e Nova Viçosa estão muito próximas, são apenas 18 quilômetros de distância e seus manguezais formam um único ecossistema natural. E a geografia costeira tem sido ajudada para que a dragagem das embarcações e a corrente marítima, levem toda a “nuvem de poeira subaquática” para as praias de Nova Viçosa, tendo em vista que à cidade está sediada numa península marítima com ajuda do rio Peruípe.

Segundo o prefeito Manoelzinho, é necessário providencias urgentes pelas as autoridades para impedir esse crime ambiental perpetrado pela FIBRIA contra à cidade de Nova Viçosa, que além do crime ambiental o turismo de Nova Viçosa tem sido muito afetado, pois o município tem uma das praias mais frequentadas do litoral extremo sul, mais o turista tem ficado assustado com tanta lama nas praias, capaz de qualquer pessoa se afundar até a cintura.

Para o presidente da Câmara Municipal, vereador Anastácio Carvalho, com quase trezentos metros de lama mar adentro em maré baixa, o cenário, antes paradisíaco, mudou literalmente pelo menos em três quilômetros de praias da cidade de Nova Viçosa, onde a lama invadiu as praias mais famosas, como praia da Península, Lugar Comum, Pau Fincado e a lama já ameaça até a paradisíaca praia da Costa do Atlântico, que antes eram destinos prazerosos de milhares de pessoas por conta das suas belezas naturais

O presidente alega que agora, as praias de Nova Viçosa agonizam ao serem engolidas por um lamaçal, supostamente procedente das dragagens feitas no Canal do Tomba, estrada marítima de passagem dos navios barcaças que transportam madeiras de eucalipto da Empresa Fibria Celulose, onde cada barcaça leva uma carga de 100 carretas. Os navios barcaças saem do Porto de Caravelas, com destino ao Terminal Marítimo de Barra do Riacho, em Aracruz-ES.

O deputado estadual Carlos Robson Rodrigues da Silva, o “Robinho” (PP) que já foi prefeito duas vezes do município de Nova Viçosa, também entrou na briga e quer responsabilizar a empresa Fibria pelo desastre ambiental causado à cidade de Nova Viçosa. Segundo Robinho, o desastre ambiental está sendo provocado pela correnteza da lama que deixa rastros devastadores nas praias do Lugar Comum e Pau Fincado, dois dos principais cartões postais da cidade de Nova Viçosa.Segundo o deputado Robinho, a zona à beira-mar é bastante frequentada pelos nativos, visitantes e turistas, por seus encantos naturais e devido sua tranquilidade, águas calmas, cristalinas e exuberante por causa do pôr do sol, que agora deixam de atrair as pessoas por conta da poluição que causa uma enorme mudança no meio ambiente, danos ao social e na economia do município que tem como principais vertentes de receita o turismo e a pesca.

Preocupado com a situação, o deputado estadual reeleito Robinho, disse que esteve na semana passada reunido com técnicos do INEMA – Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia na tentativa de encontrar soluções para conter o avanço do lamaçal nas praias. Robinho ressalta que o problema vem causando um forte impacto ao meio natural e vem alertando as demais autoridades para o perigo a economia do município, conclamando que todos abracem a causa, independente de ideologia política, visando reverter os danos nocivos causados a natureza que se revela de extrema gravidade em desfavor do meio ambiente e do turismo de Nova Viçosa.

“Há pouco mais de quatro anos começamos a perceber uma diferença no mar com a formação de bancos de areia nas praias de Nova Viçosa por conta das dragagens Canal do Tomba no vizinho manguezal do município de Caravelas, com a retirada do material do fundo do mar e depositada em uma área da Costa Litorânea autorizada pelo IBAMA. O local transbordou e os resíduos foram trazidos pela corrente marítima vinda da costa norte. A chegada do lamaçal tirou a paz dos banhistas e virou alvo de reclamações por parte das pessoas que defendem a natureza e frequentam as praias desse paraíso chamado Nova Viçosa. A lama é trazida para à nossa cidade por dois motivos óbvios, a corrente marítima e o roteiro dos navios barcaças”, explica a titular da Secretaria Municipal de Turismo de Nova Viçosa, Lucenilde Maria da Silva Araújo Fernandes, a “Lu Araújo”.

A Fibria

Por sua vez a empresa Fibria Celulose expediu uma nota alegando que a lama ou turbidez da água em praias não estão associadas a dragagem. Segue a nota:

A respeito dos relatos sobre ocorrência de lama em praias de Nova Viçosa (BA), a Fibria esclarece que todos os estudos realizados mostram que a situação não tem qualquer relação com a operação portuária, dragagem de manutenção do canal do Tomba, em Caravelas (BA), e navegação das barcaças.

A empresa monitora continuamente os níveis de turbidez da água na região e os dados históricos demonstram que fenômenos climáticos, tais como ventos e ondas fortes, influenciam diretamente na turbidez da água, ocasionando a suspensão de sedimentos na região costeira, fenômeno que não tem qualquer relação direta com as operações da Fibria.

A dragagem é realizada anualmente, no período de novembro a março, para assegurar as condições de navegabilidade das embarcações que trafegam na região – inclusive as de pesca e turismo –, e segue a legislação em vigor, obedecendo a Licença de Operação e o Plano anual de dragagem expedidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

A Fibria vem dialogando com a comunidade e autoridades locais a fim de esclarecer dúvidas sobre esse processo e está disposta a contribuir com os agentes locais na busca do diagnóstico e da solução da questão. (Por Athylla Borborema)

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