Depois de ficar conhecido como Caribe capixaba, o balneário de Urussuquara, em São Mateus, Norte do Espírito Santo, perdeu o título. As águas do Rio Ipiranga, que formam o “Riozinho” que fica em frente à praia, perderam a colocação verde e ganharam lama e forte odor, espantando também os turistas. Segundo o biólogo Elber Tesch, o rio passa por um fenômeno natural.
Foi há dois anos que a praia caiu no gosto dos capixabas, por causa da aparência caribenha provocada por um fenômenos de salinização. De acordo com a comerciante Andréia Gama, o movimento de turistas chegou a triplicar no período.
Já neste ano, o cenário é diferente. As águas do rio Ipiranga estão com o cheiro forte. Por causa da lama na margem do corpo d’água, a cor também está mais escura. O comerciante Edimar Montozo apelou para uma intervenção das autoridades para resolver a situação.
“Isso aqui sempre teve movimento. Os turistas vinham e traziam as crianças. O riozinho é mais para as crianças, porque a praia de Pontal é muito perigosa. O riozinho está nessa situação. Cheio de lama, fedendo, com cheiro de podre. A gente tem que pedir para as autoridades fazerem alguma coisa por isso”, lamenta.
Por causa da lama, o pescador José Carlos Pereira diz que os peixes também sumiram. “Por causa desse problema, o peixe sumiu. Antigamente dava muito peixe, dava muito turista, a água do rio era limpa”, lembra.
Explicação
O biólogo Elber Tesch avaliou a situação e concluiu que o rio Ipiranga passa por um fenômeno natural.
“Com o período seco que nós passamos, a vegetação cresceu nessa região baixa e quando veio o nível normal de chuva, essa vegetação ficou submersa. A matéria orgânica se decompôs e aumentou a presença de ácidos orgânicos, que dá essa coloração escura e esse odor forte na água”, explica.
Tesch lembrou ainda que na época que a coloração do rio ficou esverdeada, ele passava por um processo de salinização, causando impacto ambiental na vida aquática.
“Há dois três anos tivemos a situação que as pessoas chamaram de Caribe, que a água ficou muito clara. Esse período foi de grande proliferação de mosquitos, porque os peixes morreram”.
O biólogo ainda completa que o rio foi quase esterilizado na época.
“A água salina entrou e perdeu o equilíbrio volumétrico entre água doce e água salgada, causando um problema ambiental. Realmente estava bonito, mas era resultado um desequilíbrio”, diz.