Um passeio pelo balneário de Comuruxatiba, no litoral norte do município de Prado, na Costa das Baleias, é o sonho de consumo de milhares de turistas que visitam o nordeste brasileiro ou especificamente a Bahia em qualquer época do ano. Praias belíssimas e algumas delas ainda virgem, e um cenário da natureza exuberante sob falésias, de muita sombra e rios de água doce, boa infraestrutura hoteleira tornam a sua viagem a Cumuruxatiba, muito agradável e inesquecível. A 8 quilômetros pela praia e a 15 quilômetros pela estrada da orla (BA-001), chega-se a Foz do Rio Cahy, mais precisamente na Praia da Barra do Cahy. O local recebeu no ano 2000, numa cerimônia em Porto Seguro, por ocasião das comemorações dos 500 anos do Brasil, com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o título de 1ª Praia do Brasil, em razão da sua importância histórica, por ter sido o ponto onde os portugueses da esquadra de Pedro Álvares Cabral desembarcaram pela primeira vez, ao cair da tarde daquela quarta-feira do dia 22 de abril de 1500, onde primeiro fizeram um pit stop por 40 horas antes de partirem para Porto Seguro e Coroa Vermelha.
A Foz do Rio Cahy é muito bem descrita na carta de Pero Vaz de Caminha, como local de primeira parada estratégica por 40 horas antes de ancorarem em Porto Seguro e em Coroa Vermelha, em abril de 1500. Somente da Barra do Cahy, é possível avistar o Monte Pascoal que está a 28 quilômetros em linha reta aos fundos, na área do Parque Nacional do Monte Pascoal, em território de Porto Seguro, embora o “monte” esteja a exatos 60 quilômetros em linha reta da cidade de Porto Seguro, primeira porção de terra avistada pela tripulação de Pedro Álvares Cabral. O escritor, jornalista e documentarista Athylla Borborema que é natural da Foz do Rio Cahy, é quem melhor retrata a valorosa história da sua terra natal inserida na Certidão de Nascimento do Brasil em suas publicações, onde com riqueza de detalhes é também o autor quem melhor interpreta as cartas de Pero Vaz de Caminha, do Mestre João Farás e do Escritor Anônimo em seus livros e filmes.
Na época, o subcomandante da esquadra naval de Cabral, o capitão Nicolau Coelho foi o responsável por promover o primeiro contato com os índios pataxó e tupiniquins ao ancorar na praia da Foz do Rio Cahy e onde deslumbraram a vista do monte do Parque Nacional de Monte Pascoal, terras que só quase 400 anos depois seriam desmembradas de Porto Seguro, primeiro para formar o território de Caravelas e posteriormente para formar o município de Prado. O escrivão português Pero Vaz de Caminha muito bem descreveu a geografia desta região da foz do Rio Cahy em sua primeira carta ao Rei de Portugal, como a primeira porção de terra avistada pela tripulação de Pedro Álvares Cabral.
Ao cair da tarde de quarta-feira do dia 22 de abril de 1500, a esquadra cabralina depois de 44 dias de navegação finalmente ancora as margens das águas mornas do Recife de Corais dos Carapebas a 6 quilômetros da terra e avista uma larga costa marítima com barreiras e falésias sob a foz de um rio sombreado por um monte aos fundos. Na manhã de quinta-feira do dia 23 de abril de 1500, cumprindo determinação de Pedro Álvares Cabral, o experiente capitão Nicolau Coelho sobre uma embarcação de menor proporção navegou com sua equipe até a foz do rio para tentar estabelecer confabulação com cerca de 20 índios curiosos que estavam sobre a praia.
Apesar das tentativas, nenhum diálogo foi possível ocorrer, embora a ideia de jogar um espelho em direção aos despidos índios fora bem-sucedida. Na manhã seguinte de sexta-feira, dia 24 de abril de 1500, houve a partida seguindo a direção do vento ao norte do litoral, a procura de um pouso seguro, para que a esquadra ancorasse definitivamente, até porque o litoral da Foz do Rio Cahy nunca foi e até os dias atuais ainda não é um atrativo muito concorrido por não ter local seguro para fundear embarcações. O porto seguro é “uma contensão natural de pedras” que parece delimitar a área, mas, na verdade, têm a função de proteger o acervo da força das marés.
O pouso seguro é encontrado após a esquadra cabralina navegar mais de 10 léguas (65 quilômetros). O local foi denominado de Porto Seguro por Cabral, onde reabasteceram de água e lenha na Foz do Rio da Vila e um maior contato foi possível se promover com os índios da localidade. Uma vila de choupanas foi visualizada no alto onde é hoje o Centro Histórico da cidade de Porto Seguro. Em 26 de abril de 1500, Cabral ordenou que todas as naus e caravelas subissem ao norte (16 quilômetros) e fossem para a foz de um rio que possuía um pouso seguro ainda mais seguro e lá, mandou então que um altar “muito bem arranjado” fosse erguido da parte emersa do Ilhéu de Coroa Vermelha, onde ficariam ancorados por 6 dias. Ali, frei Henrique Soares de Coimbra celebrou a primeira missa do dia 26 de domingo de pascoa, junto com os demais frades e capelães, feito, que se repetiu em 1º de maio na foz do rio Mutari e no dia 2, houve a partida das tripulações.
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